segunda-feira, 5 de maio de 2014

... da Igreja como lugar...!

“2Como são amáveis as tuas moradas, ó SENHOR do universo! 3A minha alma suspira e tem saudades dos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne cantam de alegria ao Deus vivo! 4Até os pássaros encontram abrigo e as andorinhas um ninho, para os seus filhos, junto dos teus altares, SENHOR do universo, meu rei e meu Deus. 5Felizes os que habitam na tua casa e te louvam sem cessar.6Felizes os que em ti encontram a sua força, e os que desejam peregrinar até ao monte Sião. 7Ao atravessarem o Vale do Pranto farão dele um oásis, que as primeiras chuvas cobrirão de dádivas. 8Eles avançam com entusiasmo crescente, até se apresentarem em Sião diante de Deus.” (Salmo 84) 

Ontem ao fim do dia, ao passar por um templo, recordei-me daquela pequena igreja, a Porciúncula que está debaixo daquela catedral em Assis! Como seria o olhar do Pobre de Assis ao encontrar a sua pequena e amada Igreja ali coberta pela grandiosidade daquela catedral... pobre Francisco…! Poucos como ele conseguiram viver tão plenamente e profundamente este Salmo 84 com todo o seu coração e também a sua carne nesse CÂNTICO de louvor em que se tornou a sua vida:

3A minha alma suspira e tem saudades dos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne cantam de alegria ao Deus vivo

Tudo e todos eram para ele átrios do SENHOR onde acontecia essa ADORAÇÃO contínua e ininterrupta ao CRIADOR! No seu coração habitado pelo “Prisioneiro do Amor”, Francisco transformava campos, vielas sujas, mãos e rostos leprosos, pobres e ricos, num ALTAR precioso onde oferecia diariamente esse “sacrifício” do AMOR…!

Na sua carne, experimentou outro crucifixo, desenhado na sua alma pela contemplação do outro naquela pequena Igreja de S. Damião! Certamente que ali naquela obra de arte, a beleza ressoava com uma dimensão incomparável, mas a maior BELEZA que o seu olhar límpido captava naquele crucifico eram as feridas ali desenhadas e moldadas pela OBLAÇÃO do seu Senhor e seu Deus que reflectiam as feridas que carregava essa outra “igreja” o CORPO de Cristo em cada homem e mulher que no mundo sofria o DESAMOR!

“4Até os pássaros encontram abrigo e as andorinhas um ninho, para os seus filhos, junto dos teus altares, SENHOR do universo, meu rei e meu Deus.”

Como uma andorinha, voltava em cada estação da vida ao ninho, à sua Igreja, mas mantinha a sua alma sempre solta e livre, voando pelos corações dos homens nessa ORAÇÃO maravilhosa e profunda, escrita e orada em cada gesto e palavra que escreveu com a sua vida!

Para ele, esse ABRIGO que reconstruiu com amor e sacrifício nas pedras frias e ásperas que encontrou por aquele “vale do mundo”, onde sopravam os frios desse INVERNO que assolava a sua amada Igreja que significava mais do que um TEMPLO, o seu coração via e descobria em cada pedra que ali colocava, uma nova ESPERANÇA para o povo de Deus…um novo ABRIGO para os deserdados do AMOR!

Para Francisco, cada pedra significava um coração afastado da COMUNHÃO… por isso, não poderia existir maior alegria neste coração pobre e simples, de sonhar e ver finalmente a IGREJA do Pai novamente unida e erguida, onde todas as PEDRAS tinham o seu lugar próprio… onde todas contribuíam para a manter erguida e forte, mesmo a pedra mais TOSCA e INUTIL ao olhar humano…! Ali, nenhuma pedra era jogada fora ao esquecimento… nem rejeitada só porque não ENCAIXAVA no lugar desejado pelas mãos do construtor… tudo ali se transformava numa nova LITURGIA…!

6*Felizes os que em ti encontram a sua força, e os que desejam peregrinar até ao monte Sião. 7*Ao atravessarem o Vale do Pranto farão dele um oásis, que as primeiras chuvas cobrirão de dádivas.

Na sua alma, como o salmista, a IGREJA era uma PEREGRNAÇÃO constante… nela nada era estático… mesmo nas muitas quedas e desencontros, o que importava era erguer-se mesmo ferido e manter o rumo… retomar a caminhada sem parar nesse CAMINHO por vezes tão cheio de lágrimas e dores que alimentam esse PRANTO que habita em cada peregrino ou peregrina do Pai que busca esses OÁSIS que crêem e sabem existirem, e que as janelas da Esperança deixam entrar através de alguns lampejos que vão brilhando ao olhar da alma que sente já as primeiras gotas das chuvas que a GRAÇA derramará um dia por esse peregrinar da vida…!

8*Eles avançam com entusiasmo crescente, até se apresentarem em Sião diante de Deus.”

Nos Irmãos que acolheu, amou e com quem partilhou a sua pobreza e o seu amor… naqueles que também o seguiram e ainda seguem hoje as suas pisadas espirituais, ele ajudou a construir essa Igreja invisível do Pai, aquela que já não é feita de pedras, mas de carne e coração, essa que sabe há muito que as BODAS do CORDEIRO estão preparadas há mesa, nessa Sião celestial, onde já não haverá mais pranto nem dor, onde todos são um só com o PAI… 

“Ó SENHOR do universo, feliz o homem que em ti confia!” Salmo 84,13

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